sexta-feira, 14 de setembro de 2012

SOCORRISMO: MITOS E REALIDADES

Feridas: álcool etílico ou água oxigenada?
Se a ferida estiver suja, utilize água e sabão ou só mesmo água limpa para eliminar a sujidade e irrigar a ferida. Segundo Luís Marques, responsável pelos workshops de 30 minutos sobre os mitos do socorrismo em grandes superfícies na zona de Lisboa, os desinfectantes não são bons anti-sépticos e, por isso, não são eficazes na eliminação de germes sobre tecidos vivos. “Limpe, trate e proteja a ferida, aplique uma pomada antibiótica e cubra--a com um curativo”, aconselha. Este fim-de-semana, os enfermeiros vão estar no Colombo.

Queimaduras: manteiga, azeite, gelo ou cremes?
Quando nos queimamos, a integridade da pele fica danificada. E colocar manteiga ou outro tipo de gordura pode elevar o calor, causando cicatrizes e até uma infecção. Molhar a queimadura com gelo também não é correcto, uma vez que a mudança drástica de temperatura pode causar ainda mais dor. O que deve fazer é arrefecer a pele com água corrente durante 15 a 20 minutos, remover jóias e vestuário que esteja em contacto e evitar furar as bolhas ou aplicar cremes gordos por cima da área queimada.
 
Picadas de abelha: extrair o ferrão?
Nunca tente tirar o ferrão usando uma pinça, pois este procedimento permite que o veneno que ainda está na base do ferrão entre no corpo da pessoa picada. O conselho dos enfermeiros é que deve tirar o ferrão raspando-o com um cartão de crédito ou fazer uma mistura de fermento com água, formando uma massa espessa, e colocar sobre a picada, para neutralizar o ácido que é criado e causa a dor e o inchaço. Se a pessoa ficar vermelha ou com problemas de respiração, deve ligar imediatamente para o 112.

Sangrar do nariz: Pôr a  cabeça para trás?
Não ponha a cabeça entre os joelhos nem a coloque para trás, sendo a última opção a pior, porque existe a possibilidade de a pessoa aspirar o próprio sangue para os pulmões ou estômago, causando vómitos. Pressione firmemente a parte carnuda do nariz, como se estivesse a evitar um mau cheiro, no mínimo cinco minutos. Se o sangramento persistir por mais de 15 minutos, pode dar-se o caso de existir uma lesão grave. Nesse caso, recomenda-se urgentemente a consulta de um médico.

Ataque cardíaco: as vítimas devem deitar-se?
 A posição semi-sentada, com os joelhos dobrados, cabeça e ombros apoiados é a melhor posição para que uma pessoa possa respirar melhor depois de ter um ataque cardíaco – algo que não acontece quando a vítima está deitada. “A realidade, em alguns casos, contraria claramente o mito que se criou”, refere Luís Marques, explicando que os mitos do socorrismo “têm normalmente origem em situações similares às identificadas e vão passando de geração em geração sem serem questionados”.

Acidentes de trânsito: nunca mover feridos?
 É um mito que nunca se deva mover alguém depois de um acidente de trânsito, mesmo que a pessoa não esteja a respirar: “Mesmo com lesões na coluna vertebral, é importante certificar-se de que a pessoa respira. Posteriormente, deve inclinar a cabeça e levantar o queixo da vítima”, realça Luís Marques. “Algumas pessoas ficam claramente surpreendidas quando lhes explicamos a verdade, mas é para isso mesmo que os workshops servem: esclarecer, informar e clarificar os mitos”, frisa.

Sufocado: colocar os dedos na garganta?
 Em caso de sufoco com um objecto estranho, colocar os dedos na garganta ou beber líquidos para desobstruir as vias é errado. Estes métodos podem empurrar ainda mais para baixo a obstrução. Em vez disso, opte por encorajar a tosse ou bater com firmeza no meio das costas. No caso de as palmadas não funcionarem, utilize a manobra de Heimlich: abraçar a pessoa por trás e fazer pressão com as mãos na barriga. Para crianças pequenas, o que deve fazer é deitá-las no colo e dar palmadas leves nas costas.

Ataque epiléptico: colocar algo na boca?
 Colocar uma colher ou um lápis na boca de alguém que está a ter um ataque epiléptico evita que a pessoa morda a língua. “No entanto, não fica descartada a hipótese de este partir os dentes ou o próprio objecto e, em seguida, engasgar-se com os pedaços”, alerta o responsável por esta acção. Sendo assim, a melhor opção é mesmo “amortecer a área com algo como um pano”, afirma. A Liga Portuguesa Contra a Epilepsia acrescenta ainda que, durante um ataque, não se deve forçar a pessoa a ficar quieta.

Fraqueza: pôr a cabeça entre as pernas?
 Se alguém se sentir fraco, não lhe ponha a cabeça entre as pernas. O que deve fazer é deitar a pessoa e levantar-lhe as pernas, para aumentar o fluxo sanguíneo para o cérebro. Além disso, deve verificar se existe abundância de ar fresco junto de quem se esteja a sentir mal. Este tipo de mitos são esclarecidos nos workshops com a presença dos enfermeiros do Instituto Nacional de Emergência Médica, que vão alargar-se a todo o país, apesar de terem ficado, para já, apenas pela região da Grande Lisboa.

Dor de dentes: beber uma dose de whisky?
 Em vez de beber uma dose de whisky ou outra bebida alcoólica, opte por colocar gelo sobre a zona dorida. “A sensação gelada anula os sinais da dor na boca”, diz Luís Marques. Os workshops destes enfermeiros duram 30 minutos, e este fim-de-semana será a última iniciativa na região, que terá lugar no Centro Comercial Colombo, entre as 11h e as 18h30, com uma equipa de profissionais prontos a dar os melhores conselhos de socorrismo e a esclarecer ao pormenor estes mitos, para que não continuem a difundir-se.

Fonte:  IONLINE