Se a ferida estiver suja, utilize água e sabão ou só mesmo água limpa para eliminar a sujidade e irrigar a ferida. Segundo Luís Marques, responsável pelos workshops de 30 minutos sobre os mitos do socorrismo em grandes superfícies na zona de Lisboa, os desinfectantes não são bons anti-sépticos e, por isso, não são eficazes na eliminação de germes sobre tecidos vivos. “Limpe, trate e proteja a ferida, aplique uma pomada antibiótica e cubra--a com um curativo”, aconselha. Este fim-de-semana, os enfermeiros vão estar no Colombo.
Queimaduras: manteiga, azeite, gelo ou cremes?
Quando nos queimamos, a integridade da pele fica danificada. E colocar manteiga ou outro tipo de gordura pode elevar o calor, causando cicatrizes e até uma infecção. Molhar a queimadura com gelo também não é correcto, uma vez que a mudança drástica de temperatura pode causar ainda mais dor. O que deve fazer é arrefecer a pele com água corrente durante 15 a 20 minutos, remover jóias e vestuário que esteja em contacto e evitar furar as bolhas ou aplicar cremes gordos por cima da área queimada.
Picadas de
abelha: extrair o ferrão?
Nunca tente
tirar o ferrão usando uma pinça, pois este procedimento permite que o veneno
que ainda está na base do ferrão entre no corpo da pessoa picada. O conselho
dos enfermeiros é que deve tirar o ferrão raspando-o com um cartão de crédito
ou fazer uma mistura de fermento com água, formando uma massa espessa, e
colocar sobre a picada, para neutralizar o ácido que é criado e causa a dor e o
inchaço. Se a pessoa ficar vermelha ou com problemas de respiração, deve ligar
imediatamente para o 112.
Sangrar do
nariz: Pôr a cabeça para trás?
Não ponha a cabeça entre os joelhos nem a
coloque para trás, sendo a última opção a pior, porque existe a possibilidade
de a pessoa aspirar o próprio sangue para os pulmões ou estômago, causando
vómitos. Pressione firmemente a parte carnuda do nariz, como se estivesse a
evitar um mau cheiro, no mínimo cinco minutos. Se o sangramento persistir por
mais de 15 minutos, pode dar-se o caso de existir uma lesão grave. Nesse caso,
recomenda-se urgentemente a consulta de um médico.
Ataque
cardíaco: as vítimas devem deitar-se?
A posição semi-sentada, com os joelhos
dobrados, cabeça e ombros apoiados é a melhor posição para que uma pessoa possa
respirar melhor depois de ter um ataque cardíaco – algo que não acontece quando
a vítima está deitada. “A realidade, em alguns casos, contraria claramente o
mito que se criou”, refere Luís Marques, explicando que os mitos do socorrismo
“têm normalmente origem em situações similares às identificadas e vão passando
de geração em geração sem serem questionados”.
Acidentes de
trânsito: nunca mover feridos?
É um mito que nunca se deva mover alguém
depois de um acidente de trânsito, mesmo que a pessoa não esteja a respirar:
“Mesmo com lesões na coluna vertebral, é importante certificar-se de que a
pessoa respira. Posteriormente, deve inclinar a cabeça e levantar o queixo da
vítima”, realça Luís Marques. “Algumas pessoas ficam claramente surpreendidas
quando lhes explicamos a verdade, mas é para isso mesmo que os workshops
servem: esclarecer, informar e clarificar os mitos”, frisa.
Sufocado: colocar
os dedos na garganta?
Em caso de sufoco com um objecto estranho,
colocar os dedos na garganta ou beber líquidos para desobstruir as vias é
errado. Estes métodos podem empurrar ainda mais para baixo a obstrução. Em vez
disso, opte por encorajar a tosse ou bater com firmeza no meio das costas. No
caso de as palmadas não funcionarem, utilize a manobra de Heimlich: abraçar a
pessoa por trás e fazer pressão com as mãos na barriga. Para crianças pequenas,
o que deve fazer é deitá-las no colo e dar palmadas leves nas costas.
Ataque
epiléptico: colocar algo na boca?
Colocar uma colher ou um lápis na boca de
alguém que está a ter um ataque epiléptico evita que a pessoa morda a língua.
“No entanto, não fica descartada a hipótese de este partir os dentes ou o
próprio objecto e, em seguida, engasgar-se com os pedaços”, alerta o
responsável por esta acção. Sendo assim, a melhor opção é mesmo “amortecer a
área com algo como um pano”, afirma. A Liga Portuguesa Contra a Epilepsia
acrescenta ainda que, durante um ataque, não se deve forçar a pessoa a ficar
quieta.
Fraqueza: pôr
a cabeça entre as pernas?
Se alguém se sentir fraco, não lhe ponha a
cabeça entre as pernas. O que deve fazer é deitar a pessoa e levantar-lhe as
pernas, para aumentar o fluxo sanguíneo para o cérebro. Além disso, deve
verificar se existe abundância de ar fresco junto de quem se esteja a sentir
mal. Este tipo de mitos são esclarecidos nos workshops com a presença dos
enfermeiros do Instituto Nacional de Emergência Médica, que vão alargar-se a
todo o país, apesar de terem ficado, para já, apenas pela região da Grande
Lisboa.
Dor de
dentes: beber uma dose de whisky?
Em vez de beber uma dose de whisky ou outra
bebida alcoólica, opte por colocar gelo sobre a zona dorida. “A sensação gelada
anula os sinais da dor na boca”, diz Luís Marques. Os workshops destes
enfermeiros duram 30 minutos, e este fim-de-semana será a última iniciativa na
região, que terá lugar no Centro Comercial Colombo, entre as 11h e as 18h30,
com uma equipa de profissionais prontos a dar os melhores conselhos de
socorrismo e a esclarecer ao pormenor estes mitos, para que não continuem a
difundir-se.