sexta-feira, 27 de abril de 2012

ALIMENTAÇÃO E ENXAQUECAS

Tire um peso de cima

Muitas pessoas que sofrem de enxaquecas alegam que as suas crises são desencadeadas pela ingestão de determinados alimentos. A incapacidade do organismo em inactivar as aminas presentes nos alimentos pode explicar porque é que certas pessoas são mais susceptíveis que outras.
As enxaquecas constituem um distúrbio clinicamente reconhecido, que afecta entre 8% a 20% da população, podendo causar dores crónicas e intensas, que resulta em perda de dias de trabalho ou perturbações no seio familiar. É sabido que estão envolvidos vários factores, incluindo uma história familiar de dores de cabeça, stress e alterações hormonais, afectando mais mulheres que homens. As alterações no hábitos de sono, as insónias, assim como o saltar refeições ou os jejuns prolongados, também estão incluídos dentro da ampla variedade de factores que podem causar graves dores de cabeça na população mais propensa.
Na maioria dos casos, as enxaquecas são devidas a factores relacionados ao comportamento, não existindo uma estimativa precisa sobre a percentagem de enxaquecas provocadas por factores alimentares. No entanto, existe uma ligação entre este tipo de dores de cabeça e certos alimentos, como os queijos maduros, bebidas alcoólicas (especialmente o vinho tinto), alimentos enlatados, marinados, fermentados ou em vinagreta, e frutos como a pêra abacate, framboesas e as bananas. Infelizmente, evitar estes alimentos específicos não costuma ser a resposta para a cura das crises de enxaqueca, sendo frequentemente o resultado de uma complexa combinação de factores de risco.
As crises de enxaquecas têm sido associadas à presença de determinadas aminas, naturalmente existentes em certos alimentos. Estas substâncias contêm nitrogénio e são encontradas geralmente em animais, plantas e bactérias, muitos dos quais contribuem para o sabor e aroma característicos dos alimentos. Entre as aminas alimentares, conhecidas por terem um efeito significativo, podemos mencionar a tiramina, feniletilamina e a histamina. Aparentemente, pessoas que sofrem de enxaquecas não são capazes de metabolizar estas substâncias com a rapidez suficiente, motivo pelo qual duram mais tempo no organismo, sendo responsáveis pelo desencadeamento das dores de cabeça.
A relação entre as aminas e as dores de cabeça foi pela primeira vez observada em doentes medicados com inibidores da monoamina oxidase (MAO), indicados no tratamento da tuberculose e dos estados depressivos. A função da enzima MAO é a metabolização de aminas potencialmente nocivas, antes que estas cheguem à corrente sanguínea. A utilização de medicação inibidora da MAO impede o desencadeamento deste mecanismo natural de desintoxicação, provocando um amento a nível das aminas sanguíneas. Os doentes administrados com este tipo de medicação relataram graves e intensas dores de cabeça após a ingestão de determinados alimentos.
É possível que as enxaquecas apresentem uma componente hereditária. Algumas pessoas podem apresentar uma deficiência genética a nível da MAO, originando a causa das dores de cabeça. Para conseguir evitar as enxaquecas, seria útil manter um diário sobre as suas dores de cabeça durante alguns meses. Este poderia ajudar a identificar e determinar o tipo de actividade, sentimentos, situações ou alimentos que parecem estar relacionados com o desencadeamento das dores de cabeça. A gestão do stress, identificando e eliminando as causas das enxaquecas, a prática de exercício físico regular, a descontracção e uma alimentação saudável e equilibrada pode ser um alivio, retirando um peso de cima de si.
Fonte:"European Food Information Council (EUFIC)"
Food Today